ORIENTE MÉDIO

 

                                                          É em atenção a meus amigos israelitas que vou me referir ao indelicado artigo do Sr. Milton Abramovich, publicado nesse jornal (04.05.02). Houve até mesmo insinuação de anti-semitismo, totalmente absurda, pois já em 1934, ao publicar meu primeiro livro, dediquei-o a um saudoso colega judeu, José Preiz, morto na Revolução Constitucionalista, tendo sempre podido contar, ao longo de minha vida acadêmica, com a cordial colaboração de ilustres mestres judeus.

                                                         Jamais neguei ao governo de Israel o direito de revide contra os constantes e cruéis ataques do terrorismo pelestino, mas declarei não concordar com certos excessos praticados, que, segundo o missivista, seriam “frutos de minha imaginação”, quando deles tomei conhecimento pelos jornais e pela televisão. Se não houvesse motivos não teria explicação a recusa da inspeção pedida pela ONU...

                                                         Aliás, à pág. 2 do mesmo jornal, ao tratar de anti-semitismo, o jornalista Luiz Weis chega a classificar de “peçonhenta” a atuação de Ariel Sharon na invasão da Cisjordânia, dizendo que “o sharonismo e o anti-semitismo são duas faces da mesma realidade hedionda”.

                                                         É, em verdade, nos limites da legalidade e da Declaração dos Direitos do Homem que devem se situar tanto o Estado de Israel como o da Palestina, sem o que não haverá paz possível no Oriente Médio

 

                                                                                              Miguel Reale